Cultivado exclusivamente no Brasil, o feijão carioca se torna um problema quando há escassez de produção. Para evitar a crise vivida no ano passado, o País está em vias de ingressar em uma nova variedade que pode complementar a oferta do grão.O feijão conhecido como pinto beans ou tigre será lançado neste ano pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), deve ser semeado entre os meses de setembro e outubro e estará pronto para comercialização na primeira safra de 2017/2018.
"Na temporada atual [de 2016/2017], teremos uma recuperação do desempenho perdido no ciclo passado, mas as áreas de plantio estão abaixo da média histórica.
O feijão tem perdido espaço para os cultivos de soja e milho safrinha e, paralelamente, o consumo do brasileiro tende a seguir em crescimento", afirma o presidente do Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses (Ibrafe), Marcelo Lüders.
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita total de feijão está estimada em 3,27 milhões de toneladas, 30% superior a da última safra. Em áreas, porém, o incremento nacional é de apenas 5,5%, para três milhões de hectares.
Neste contexto, a ideia é que a variedade tigre funcione como um "coringa" no mercado. "Atenderá a demanda interna porque tem sabor e cor parecidos com o tipo carioca e nos dará possibilidade de exportar pois é muito produzido e consumido no mundo todo", explica Lüders, que também é analista da corretora de mercado agrícola Correpar.
O novo grão já está certificado e registrado no Ministério da Agricultura, e poderá ser plantado nas mesmas regiões onde se cultiva a variedade carioca - são elas o Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás e Bahia. Lá fora, Canadá, Estados Unidos, México, Argentina e China são alguns dos países em que o produto está inserido.
Mercado
O cenário traçado para a safra atual é de ampla oferta, exatamente inverso ao último. Em consequência, a precificação do mercado é de baixa, expectativa de fortes recuperações.
O engenheiro agrônomo do departamento técnico e econômico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Fernando Aggio, diz que no maior estado produtor da cultura o desempenho da primeira safra subiu 8% e para a segunda a expectativa é de ganho de 20%, na variação anual. Em resposta, os preços passaram de R$ 150 a R$ 160 por saca de 60 quilos, para a média de R$ 110 por saca.
"É um valor muito perigoso para o agricultor, pois dependendo do que foi investido na lavoura, o custo de produção pode chegar a R$ 90 por saca", explica o especialista. Na mesma linha, o diretor da Bolsinha Informativos, Auro Nagay, concorda que o patamar remunerador para a cadeia gira em torno de R$ 150 por saca.
Praticamente toda a área paranaense de feijão já foi colhida e a semeadura do ciclo seguinte está 65% completa.
O único fator que pode reverter o quadro para o produtor é a ocorrência de algum evento climático anormal, o que não está previsto. No Paraná, não faltou chuva nem houve excesso de água e o executivo da Bolsinha lembra que o mesmo vale para a média nacional. "Ainda temos metade da primeira safra para comercializar, por isso não há tendência de alta para as cotações. Vamos aguardar a o resultado das lavouras ao longo do ano. Uma parcela do setor acredita que em março pode melhorar", completa Nagay.
Data de Publicação: 22/02/2017 às 19:20hs
Fonte: DCI