Agronegócio exige ciência e tecnologia de ponta

As altas taxas de urbanização ocorridas mais intensamente, desde a década de 1950, transformaram o Brasil rural num país definitivamente urbanizado e atualmente com 85,0% de seus 206 milhões de habitantes vivendo nas cidades e regiões metropolitanas. Minas Gerais segue essa mesma lógica, mas ainda abriga 3,1 milhões de mineiros nas paisagens rurais do Estado.
O grande mercado rural daquela época, por múltiplos fatores que se associaram, migrou para as cidades e emergiu a figura do consumidor urbano cada vez mais exigente com relação à qualidade dos alimentos, aos preços acessíveis e até apreciador de cardápios alimentares sem agrotóxicos, com baixo teor de gorduras pouco saudáveis e ancorados também em futuros e sofisticados sistemas agroalimentares de distribuição e acesso aos alimentos com base também nas tecnologias da informação. Um mercado eletrônico crescente e disputado numa perspectiva de tempo.
Podem-se aceitar os presumíveis avanços na certificação de origem de muitos outros produtos agropecuários com rastreamento tecnológico e ambiental. O Certifica Minas Café é um dos bons exemplos com suas parcerias públicas e privadas.
Essa mudança acelerada do mundo rural versus urbano implicaria na adoção pelos empreendedores rurais de novas tecnologias geradas pela pesquisa, inclusive as poupadoras da mão de obra humana, e numa maior sintonia com os mercados interno, externo e elevar o Brasil da condição de importador de alimentos na primeira metade da década de l970 para conquistar hoje o segundo lugar como produtor de alimentos e apenas superado pelos EUA. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação(ONU/FAO) poderá lograr o primeiro lugar até 2025/30. Uma projeção otimista diante dos gargalos a que é submetido o agronegócio brasileiro.
É também verdade os grandes avanços nos tratos culturais, fertilizantes, defensivos, nas máquinas e equipamentos agrícolas e na crescente necessidade do manejo correto do solo e da água, mas ainda tem muito o que fazer no campo. Entretanto o foco na calha do rio deve ser mudado para o conceito de bacia hidrográfica em que os corpos de água são indispensáveis e fundamentais à sustentabilidade dos recursos naturais, produção agropecuária sustentável e que refletem também as intervenções humanas nos domínios da natureza. A tecnologia bem aplicada e gerenciada pode reduzir substantivamente a abertura de novas áreas agrícolas e desacelerar os impactos sobre os recursos naturais, que são sinérgicos.
Nos cenários das escolas e universidades ligadas às ciências agrárias, embora não seja necessariamente um juízo de valor e nem uma afirmação excludente, não apenas ensinar como também focar paisagens rurais, vocações agropecuárias regionais, mercados interno e externo, adoção de inovações como processo, gestão dos estabelecimentos rurais, agregação de valores, rastreabilidade, retornos econômicos ou até rentabilidade presumível da inovação a ser adotada, entre outras abordagens indispensáveis à educação promotora de inteligências e talentos humanos, pois também a ciência e a tecnologia devem servir à sociedade na busca pelo bem estar social no campo e nas cidades.

Fonte: Benjamin Salles Duarte - Engenheiro Agrônomo




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